Andando pelo caminho a pé como há muito tempo não fazia pensei em fazer a parada rotineira para um café, mas antes de parar, ao meu lado andando eu avistei a moça que um dia vira trabalhando na padaria, era a confeiteira. Aumentei meus passos para companha-la e ver de perto aquelas lindas mãos que já me encantara desde o primeiro bolo que comi feito por ela.
A moça dos confeitos parecia estar com pressa, pois suas passadas eram vigorosas como as de quem tem hora marcada e não quer se atrasar. Eu que minutos antes andava calmo olhando tudo ao meu redor, mudei o ritmo do caminhar, mas antes vi e senti que as ruas são mais bonitas quando se anda a pé, vi que alguns motoristas dão passagem para pedestres, me perdi na atmosfera dos passantes que eram muitos, mas me atentei nas varandas de duas casas geminadas na calçada esburacada que eu passava e percebi que os pisos eram iguais, lembrei-me dos pisos que via em minha infância, era um chão de cimento forrado de cacos de azulejos vermelhos, essa visão me trouxe lembranças imortais. Uma lágrima de saudade quase caiu quando percebi que por pouco ia me perdendo da confeitaria que já atravessara a praça e eu ia fincando para trás.
Acelerei o passo e passei por um banco de madeira escuro que havia a minha frente onde dois senhores falavam sobre suas vidas, desviei de uma roda de crianças que estavam a brincar. Queria ali ficar para poder voltar mesmo que em pensamento para uma época boa que ficou para trás, época que as brincadeiras nas praças, ruas e terrenos baldios ultrapassavam o pôr do sol e se prolongavam sempre além do combinado com os pais, mas lembrei que estava com outro propósito naquele momento e segui em frente par ver alguns segundos depois a dama que adoçava minha boca com seus confeitos entrar na padaria.
Entrei um pouco depois na Larimer Pães e Doces, vi várias mesas vazias, mas sentei em um banco alto no balcão, pedi o meu café e esperei durante alguns minutos novos bolos chegarem à vitrine colorida.
A reposição dos bolos e doces começou e estava sendo feita por ela, vi no seu uniforme limpíssimo, mais branco que o açúcar, um broche contendo um nome que prontamente li e falei em voz alta: “Joana”, ela me olhou, sorriu e perguntou-me: “o que desejas?”. Fiz meu pedido e tentei ir além num dialogo com ela, mas notei que já estava atrasado para o trabalho, retornei para a minha caminhada e vi a minha frente mais uma jornada de trabalha tendo em minha mente pensamentos e lembranças sobre tudo que vi, enquanto a pé eu andava em São Paulo num fim de tarde ensolarado.
Gui Batista
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