Um poeta louco que sonha como poucos

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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Perdido nas estradas


Um vira lata foi como eu me senti, abandonado em um posto de gasolina na beira da estrada e de tanto me sentir assim, comecei realmente a me transformar em um cachorro. Pensei em ser um pit-bull para aproveitar minha cara fechada e espantar as ameaças que podiam aparecer, mas pensei que com a cara de poucos amigos, poderia era é afastar os que se aproximavam. Então veio a mente ser um puddle branquinho, igualzinho aqueles de apartamento, mas logo tirei essa ideia da cabeça, imagina eu em posto no meio do nada, pulando em todos que passam a minha frente, quase que implorando carinho e atenção, definitivamente não ia rolar.
Passei dias com a dúvida cruel, perdi noites de sonos, andei perdido pelas redondezas e por fim aceitei ser aquilo que no fundo eu sabia que eu era. Falei comigo mesmo: “Agora eu não apenas me sinto, eu sou um vira lata”.
Assumir minha condição me fez enxergar o mundo diferente, o posto não era mais qualquer lugar no meio do nada, agora era o meu lar. Ficava em uma BR movimentada, mas ao mesmo tempo em que muitos carros, caminhões e ônibus passavam, eu tinha a paz e tranquilidade de ser um dos poucos moradores dali.
O posto era pequeno, ao todo eram oito bombas de abastecimento, o chão de cimento com alguns buracos pequenos e outros grandes, quando chovia poças se formavam, as cores do telhado, das paredes e de tudo mais que levasse algum tipo de tinta, estavam tão desbotadas que quase não eram reconhecidas pelos viajantes que estavam perdidos e procuravam o Auto Posto Vermelho e branco. Sim o posto tinha as mesmas cores descritas no nome, mas por falta de manutenção, limpeza e pintura, alguns passavam batido por não reconhecerem aquela parada tradicional.
Ao fundo um restaurante que em outros tempos fora premiado por ter a melhor comida de estrada, naqueles dias só servia o trivial, mas não o da região e sim o de outra, o trivial que os novos donos conheciam.
Eu por varias vezes sentei ao lado da escadinha que dá acesso ao restaurante e observei o entra e sai de turistas, na maioria das vezes saiam reclamando que a comida não era mais a mesma, que o lugar tinha virado uma espelunca e que se não fosse a tradição não tinham parado ali.
Quando me assumi um vira lata, comecei a conversar com os frentistas, eles passaram a me cumprimentar e me fornecer água da torneira em um pote feito de lata. Ficava o dia todo ouvindo cada um deles contarem suas histórias...
Continua

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Fiquei feliz


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Flor mineira

Flor mineira
(Gui Batista)
Enraizou num chão impermeável
Onde não mais se via o marrom da terra 
Mas sim a cor do asfalto
A casa do pai não tinha mais
Na cidade grande procurou um canto
Se abrigou num cortiço junto com outros retirantes
Vindos daquele mesmo lugar
Que nunca saiu e nem sairá da sua cabeça
Ah Zona da Mata Mineira
Ah Ubá cidade carinho
Lá ela foi criança e virou moça
Na escola se formou
Um dia se casou
Filhos pensou em ter
E logo veio a gravidez
Do primeiro e do segundo
Veio também a mudança de condição
A falta de dinheiro
E a vontade de deixar
Pra trás a querida cidade
E ganhar a imensidão
Pra São Paulo
A moça simples migrou
De repente mais um filho brotou
E na terra da garoa
Onde parecia não nascer flores
Uma flor de mulher desabrochou
Arranjou trabalho
E entre idas e vindas
Na grande metrópole
A guerreira se fixou
Hoje ela olha contente
Pra tudo que passou
As batalhas foram muitas
Todas as dificuldades
Com muita fé ela superou
E por isso
Com a medalha da vitória
Deus a agraciou.

Por trás do sorriso



Atrás de todo sorriso
Há um pouco de tristeza
Sorriu pra mim a natureza
Que mesmo desmatada
Minha alma sempre afaga
Com sua beleza

E partiu mais um guerreiro
Entre um sorriso e outro
Percebe-se o desespero
Sozinho vai ficar
Em um outro vilarejo
Longe da família
Ele foi ganhar o pão
E viver uma passageira solidão
A esposa carinhosa
Ri pra não chorar
Toma conta dos filhos
Aguardando ansiosa
A hora de pra lá
Também poder voar

E sorrir nunca foi fácil
Pro poeta que vos fala
Mas quando mostro os dentes
Sei que na verdade
Atrás de todo sorriso
Há um pouco de tristeza.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Contribua com qualquer valor para a publicação do meu livro

Apoie um poeta viajante, pois assim uma estrada surgirá entre nós e nossos corações se tornarão mais acessíveis.
Escrevo desde os seis anos de idade, a minha maior paixão sempre foi escrever meus pensamentos e sentimentos. De uns tempos pra cá, comecei a mostrar meus textos pela internet e recita-los em alguns bares por onde passei, mas o meu maior sonho é ver minha poesia publicada em um livro de papel.
Já entrei em contato com varias editoras, enviei meu trabalho, mas ainda não fui analisado e não tive retorno e nem sei se serei.
Decidi então assumir o papel de artista independente, é uma coisa muito difícil, mas se eu estou há tanto tempo nessa estrada escrevendo sem parar, é por que tem que ser assim e eu não irei desistir.
Para editar e publicar meu livro precisarei de grana e é por isso que venho aqui pedir a ajuda de vocês. Conseguindo atingir o objetivo, pretendo distribuir os livros a um valor acessível. Pretendo iniciar comercialização em São Paulo para levantar uma verba e então partir pra outras cidades e estados.
Conseguindo concluir esse projeto, iniciarei outro que é viajar pelo Brasil, conhecendo todos os cantos para assim poder escrever sobre o tema que mais amo, sobre a estrada e os lugares onde ela pode nos levar, tentarei descrever com detalhes as particularidades de lugares e pessoas do nosso Brasil.
Para saber como ajudar entre em contato pelo e- mail guilhermebatista_emidio@hotmail.com ou pelo face Gui Batista Emidio

Conto com vocês.


Gui Batista

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Hora de seguir


Hoje eu acordei
Desapeguei 
Parei de procurar
O causador
O que causa a dor
Me acostumei
Com o que restou
E a cicatriz
Foi o que ficou
Vou encontrar
O que me fará feliz
Sem olhar para trás
Pra me libertar
Eu quero ser feliz
O que passou
Passou
Agora eu entendi
É hora de seguir
Levante a cabeça
Abra seu coração
Olhe para o presente
Pois o futuro
É sua construção
E o passado está pronto
Pra demolição
Vou encontrar
O que me faz feliz
Não olhar para trás
Pra me libertar
Eu quero ser feliz
O que passou
Passou
Agora eu entendi
É hora de seguir.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O inverno chegou

Uma xícara de café                                                                                                                                   Gole a gole
Ele tomou e se animou
Fazia frio no fim do outono
A cidade mais cinza ficava
A garoa caia
O vento cortava
E olha que ontem
Fazia calor

O tempo virou de repente
Enquanto um pouco da vida
Passou

E aquele homem
Que ama o sol e a estrada
Se contentou
Com o que estava por vir
Pensou em se acostumar
Pois no sul de sua vida
O frio é forte
E lá ele vai ter que se adaptar

O inverno chegou.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O castigo do garimpeiro


Me perdi no caminho
Agora tento me encontrar
Procuro em tantos lugares
Mas meu coração
Sempre é levado de volta
Ao diamante
De cabelo encaracolado
Que um dia encontrei
Mas deixei de lapidar

O diamante se auto lapidou
O cabelo que era enrolado
Hoje liso ficou
A beleza aumentou
Sua vida segue a todo vapor
A minha também

Perdi no caminho
Um pouco de mim
Por isso sigo sozinho
Mas lembro do que se foi

E por um momento
Sinto-me como um vulcão
Prestes a explodir
É quando entro em erupção
A lava salgada
Dos meus olhos escorrem
Numa tentativa frustrante
De esvaziar a mente
E o coração

O diamante se foi
Pelo furo da peneira
Que o próprio garimpeiro
Com os seus descuidos
E sua desatenção
Criou.

Gui Batista

terça-feira, 28 de abril de 2015

Vamos trocar


Não viva só pra receber
Contribua com a situação
Coisas boas podem acontecer
Somente visar a própria vitória
É deixar o egoísmo prevalecer
Sem você notar
Já rebaixou meu modo de viver
Falando que o seu é melhor que o meu
A humildade em muitos
Desapareceu
Vamos trocar informações
Aceito sugestões
Compartilhe seu pensamento
E me faça evoluir
Que eu te ajudo

Um mundo novo construir.

Gui Batista

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Mudança inevitável


Olhe seu bairro 
Veja 
Ele não mudou
Em nada
Quem mudou 
Foi 
Somente você 
E seus amigos
O tempo passou
E nos
Distanciou.

Gui Batista

Dois pássaros

Pousaram aqui 
cantaram em minha janela
acalentaram minha alma
me transportaram
para o interior
e depois partiram
mas por algum tempo
eu ainda ouvi a cantoria
do casal de passarinhos
a revoar.
Gui Batista

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Falsa verdade

aceitou tanto
sua dura realidade
que ela se tornou
pra ele
uma falsa
verdade.

Gui Batista

segunda-feira, 30 de março de 2015

Cadê as flores?

O cheiro das flores
Antes sentido
Em qualquer lugar 
Hoje se ausentou
E agora
Temos que ter sorte
Para sentir
Se por um acaso
Perto delas
Passarmos.
Gui Batista

Renovação



Já não me lembro
Da última viagem que fiz
E retornei o mesmo
Da hora que parti

A estrada é assim
Cada lugar que vou que fui
E até mesmo os que só passei
Minha alma se renovou
E a tristeza no regresso
Hoje é controlada

Já teve tempos que
Ao findar de uma viagem
O choro em meu rosto
Brotava e demorava a cessar

Hoje me conformo
Uma viagem só chega ao fim
Para que outra possa começar
E com isso aprendi
Que não é preciso chorar

Assim me torno aprendiz
Das andanças que faço
Por aí eu sigo
A todo momento
Renovando minha diretriz.

Gui Batista 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Muito se aprende na BR rumo ao sul

Ouvi uma frase que me instigou mais ainda a partir rumo ao sul, há muito tempo tenho pensado em sair do sudeste e rumar para novos lugares. Alguns dias atrás estava dando aula e um aluno me falou que no feriado iria viajar para Florianópolis, na hora e sem pensar perguntei se onde ele ia ficar dava pra colocar uma barraca no quintal ou se teria algum lugar pra mim e mais três dormirem, ele disse que ia ver com o irmão e me falava em outro momento.
Comecei a tentar juntar o pessoal da última viagem que fiz para Itamambuca em Ubatuba, falei sobre a ideia de ir pra Floripa e na hora os três ficaram empolgados como eu. Fui pra casa passei uma mensagem para um amigo que mora lá pra ver se conseguia uma casinha para nós quatro e fiquei aguardando o retorno.
Alguns dias se passaram, convidei outro amigo para entrar na trip, esse já experiente em ir para o sul, fiz o convite e na hora ele aceitou, disse que ia ser muito legal e que eu ia gostar. Fiquei feliz por ter mais um em nossa viagem, mas em seguida ele fez uma série de questionamento que me deixaram chateado.
Conversamos por mensagens por algum tempo e ele primeiro perguntou se os quatro ou cinco caras iam no meu carro, respondi que sim e quis saber o porquê da dúvida, aí ele me disse que ia forçar muito o motor, achava melhor não. Pensei comigo mesmo e lembrei que já tinha percorrido quase a mesma distância com mais três mulheres e suas bagagens e o carro foi muito bem. Depois ele veio com a ideia de que ele dirigiria nos pontos críticos e que o caminho era perigoso para eu ir dirigindo, falou que conhecia tudo e que já havia ido pra lá oito vezes, que não era fácil, disse que aquela estrada não é pra qualquer um e que um amigo dele levou um dia pra chegar lá enquanto ele faz em dez horas.
Prestei atenção em tudo e percebi que um pânico estava sendo criado em cima disso tudo, notei também que em vez de palavras de incentivo, estava recebendo o contrário, coisa que eu jamais faria com alguém que estivesse na empolgação que eu estava. Poderia até orientar, mas jamais colocaria medo dizendo que caminhões em alguns trechos empurram carros que estão a sua frente. Eu simplesmente alertaria dos perigos usando palavras de encorajamento.
Mas uma frase que ele disse me chamou atenção: “Se aprende muita coisa na BR rumo ao Sul”. Na hora que ouvi isso, decidi que iria dirigindo e com certeza aprenderia muito e nesse instante lembre-me de uma frase que ouvi um dia: “As tartarugas aproveitam muito mais os caminhos do que as lebres.” Percebi que não importava o quanto iria demorar pra chegar lá e nem quais seriam as dificuldades, eu simplesmente iria como sempre faço nas estradas, com muita cautela e respeitando os perigos. Não precisava chegar rápido, só precisava chegar.
Decidi deixar pra lá essa parte que me chateou e entrei em contato com o Marcio Misso para tentar achar um lugar para ficarmos. Mandei uma mensagem falando sobre um texto que havia publicado sobre uma viagem que fiz no passado e disse que estava escrevendo mais um, mas só conseguiria acabar de escrever se fosse para Florianópolis, por isso, precisava de um lugar pra ficar lá no feriado.
Aguardei ansioso a resposta que veio com boas novas: o lugar estava arrumado. Era um quarto com um beliche e uma cama de casal em uma das casas do Marcio que um dia fora meu aluno em uma das inúmeras academias que já dei aula. Ele cobrou um valor que para mim estava ótimo. Prontamente respondi a mensagem dizendo que ia confirmar tudo com os três amigos que iam comigo e logo confirmaria.
Falei com o Alan sobre os valores e ele sem pensar topou, na sequência o Rafa também confirmou depois de checar seu orçamento, o único que não tinha certeza era o Vitor, pois teria um compromisso na mesma data, mas ele ficou extremamente empolgado em abandonar o compromisso e juntar-se a nós.
Com a semana quase chegando ao fim, o Marcio que estava passando dias em São Paulo foi fazer um treino na academia onde eu trabalhava, conversamos muito, o apresentei para o Vitor e nesse momento, o pouco que faltava para convencer aquele que parecia ser o último a entrar em nossa barca rumo ao sul, foi feito pelo nosso anfitrião em Florianópolis quando trocou algumas palavras com o indeciso, mas quase certo em nossa viagem.
O fim de semana veio e passou, o clima se transformou e pela primeira vez naquele ano, realmente vi o outono se mostrar. Choveu, ventou, o céu acinzentou e a semana seguinte com frio começou.
Na segunda, confirmei mais uma vez com todos sobre a viagem e todos inclusive Vitor, confirmaram que iríamos todos juntos. Fui ao banco depositei a metade do valor cobrado e a partir daí não tinha mais jeito de voltar atrás.
Quando tudo estava fechado, eis que mais um integrante surge e agora seriamos cinco, quatro homens e uma mulher rumando para o sul de nossas vidas. Todos ávidos e ansiosos por essa que parecia ser a viagem do ano. Cada um em seu canto imaginando os caminhos, as estradas e seus encantos.
Continua em breve nessa mesma publicação...
Gui Batista

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Palavras

Palavras são ouvidas 
Sempre acompanhadas
Por outras palavras,
Dão origem a frases
Que formam músicas,
Poesias e livros.
São faladas,
Escritas e até gesticuladas.
São tudo, são nada
E voltam a ser tudo.
Amo as palavras
E sempre amarei.
Gosto de falar, de escrever,
De ouvir e de sentir.
Me encanto quando as leio
E às vezes choro
Quando as ouço,
Em uma estrutura linda
E bem ritmada.
Elas são muitas,
Mas às vezes parecem
Não existirem,
Quando se fazem ausentes
Na hora que queremos expressar
Tudo o que sentimos.
Elas cismam em não
Darem as caras,
Mas nessa hora
Que faltaram às palavras,
Vem um único olhar
E diz tudo.
Gui Barista