Olhei para um lado, olhei para o
outro e não vi ninguém, logo vi que tinha tirado a sorte grande, pois a minha
frente o mar estava clássico, ondas de tudo que era jeito, ondas grandes, pequenas, direitas, esquerdas,
tubulares e com muito tempo de duração. Corri pra água e comecei a remar, passei a
arrebentação com uma facilidade que até eu mesmo não acreditei e olha que o
mar estava bravo. Cheguei lá fora, sentei sozinho e vi a série entrar, remei na
primeira onda, dropei e logo de cara peguei o melhor tubo da minha vida. Na segunda onda dei aéreo,
floater, várias batidas, muitas rasgadas e a onda parecia não acabar.
O dia estava realmente incrível, nem vi as
horas passarem, havia entrado no mar lá pelas oito da manhã, quando saí já eram
quatro da tarde e eu estava morto de fome, mas não me sentia cansado. Procurei um
restaurante, pedi um prato trivial e aguardei tomando um suco. O prato chegou e
tudo estava uma delicia, o arroz, o feijão, a salada e o peixe então hum. Foi uma ótima refeição pra um
surfista com fome.
Depois de me alimentar voltei pra
praia, sentei na areia para fazer a digestão e notei vindo do mar, uma mulher que mais parecia uma onda, devido às
curvas de seu corpo escultural e
queimado de sol. Ela veio, sentou-se ao meu lado e com uma voz macia perguntou meu nome, prontamente respondi
que era Cody e ela disse que ficara o dia todo ali sentada me observando dentro
do mar, disse que nunca viu ninguém surfar como eu e me encheu de elogios.
Conversamos até o anoitecer, ela
se chamava Keona, vimos o sol se pôr no mar, presenciamos a subida da lua aos
céus e quando eu estava lá todo feliz ao lado daquela que pra mim apareceu como uma princesa vinda
dos mares, vi uma estrela cadente cruzar o céu e como uma criança fiz um pedido em segredo, pedi em meus
pensamentos aquilo que mais desejava naquele momento e como num conto de fadas, choveu estrelas quando me virei para o lado e Keona me deu um beijou junto com
um abraço apertado.
Depois disso tudo, desse dia
maravilhoso, fui para casa e Keona também, mas antes combinamos de nos reencontrar outras
vezes no mesmo lugar. No caminho de regresso para o meu lar, parei para tomar
um pote de açaí em uma barraca havaiana, ali no meio do beco entre a praia e a
estrada do Cambury. Olhando o cardápio, notei que cada opção levava o nome de uma mulher do
Havaí e logo abaixo entre parênteses havia o significado dos nomes. Escolhi o
de sempre, açaí com banana e o nome me fez tremer, pois era o mesmo da princesa
que há poucos minutos conquistara meu coração. Li o significado que dizia assim: “ Presente estimado por Deus”.
Esvazie o
pote, deixei a barraca havaiana para trás e percebi que tudo que vivi naquele dia foi realmente um presente de
Deus. Como num passe de mágica a minha essência se separou da minha matéria física
e flutuou três metros acima de mim mesmo, observando o andar tranquilo de um surfista feliz da vida, carregando
sua prancha em baixo do braço,
vestindo ainda sua roupa de borracha, altas horas da noite por aquele beco iluminado e abençoado.
Gui Batista
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Estou aguardando seu comentário, ficarei muito feliz em saber sua opinião.
Quem quiser seguir o blog e comentar fique a vontade. O autor agradece. É bem simples, só adicionar o comentário, selecionar no campo "comentar como" escolher umas das opções ou anonimo. O comentário só é enviado quando vc digita o código de segurança que aparece ai no campo e confirmar o envio