Um poeta louco que sonha como poucos

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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Visões de uma caminhada



            Andando pelo caminho a pé como há muito tempo não fazia, pensei em fazer a    parada rotineira para um café, mas antes de parar, ao meu lado andando eu avistei a moça que um dia vira trabalhando na padaria, era a confeiteira. Aumentei meus passos para acompanha-la e ver de perto aquelas lindas mãos que já me encantara desde o primeiro bolo que me servira um dia.
A moça dos confeitos parecia estar com pressa, pois suas passadas eram vigorosas como as de quem tem hora marcada e não quer se atrasar. Eu, que minutos  antes andava calmo, olhando tudo ao meu redor, mudei o ritmo do caminhar, mas antes vi e senti que as ruas são mais bonitas quando se anda a pé, vi que alguns motoristas dão  passagem para pedestres, me perdi na atmosfera dos passantes que eram muitos, me atentei as varandas de duas casas geminadas na calçada esburacada que eu passava e  percebi que os pisos eram iguais, lembrei-me dos pisos que via em minha infância, era  um chão de cimento forrado de cacos de azulejos vermelhos. Essa visão me trouxe lembranças imortais. Uma lágrima de saudade quase caiu quando percebi que por pouco quase perdi de vista a confeitaria que já atravessara a praça enquanto eu ficava para trás.
Acelerei o passo e passei por um banco de madeira escuro que havia a minha frente onde dois senhores falavam sobre suas vidas e desviei de uma roda de crianças que estavam a brincar. Queria ali ficar para poder voltar mesmo que em pensamento para  uma época boa que ficou para trás, em que as brincadeiras nas praças, ruas e terrenos baldios ultrapassavam o pôr do sol e se prolongavam sempre além do combinado com   os pais, mas lembrei de que estava com outro propósito naquele momento e segui em   frente par ver alguns segundos depois a dama que adoçava minha boca com seus confeitos entrar em seu local de trabalho.
Entrei um pouco depois na Larimer Pães e Doces, vi várias mesas vazias, mas sentei em uma banqueta alta no balcão, pedi o meu café e esperei durante alguns  minutos, novos bolos chegarem à vitrine colorida.
 A reposição dos bolos e doces começou e estava sendo feita por ela, vi no seu uniforme limpíssimo, mais branco que o açúcar, um broche contendo um nome que,  prontamente li e falei em voz alta: “Joana”, ela me olhou, sorriu e perguntou-me: “o que desejas?”.   Fiz meu pedido e tentei ir além num dialogo, mas notei que já estava    atrasado  para o trabalho, retornei para a minha caminhada e vi a minha frente mais uma  jornada na academia que dava aulas, tendo em minha mente pensamentos e lembranças sobre tudo que vi, enquanto a pé eu andava, em São Paulo num fim de tarde ensolarado.

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