Um poeta louco que sonha como poucos

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domingo, 22 de dezembro de 2013

Li e reli


Vi nos seus olhos os meus a te olhar,
Ouvi da sua boca o que a minha queria falar,
Senti ao seu lado o que queria te fazer sentir,
Você me trouxe sensações que eu tentei lhe dar,
Seu corpo me passou mensagens que eu li e reli.

Sua voz de Janis Joplin me encantou,
Seu carisma é algo que tento ter.
Simpatia, beleza e inteligência,
Você com suas características me conquistou.

E eu que hoje vivo pra lá e pra cá,
Como um personagem acelerado de um livro,
Quando te vi parei na sua,
Assim como alguém que para na rua,
Diante de um farol verdejante,
Sem se importar com as buzinas
Dos carros que querem o tráfego seguir.
                                                                                          
Enquanto parado eu estava
Li e reli a carta que para ti escrevi
De repente, mesmo com o farol vermelho,
Disparei pelo caminho em sua direção.
Quando te encontrei linda como sempre,
Percebi que tudo que escrevi pra você,

É realmente o que eu quero viver.

sábado, 14 de dezembro de 2013

O navio negreiro e o aumento do campo de atuação


Os navios negreiros se transformam ao longo dos tempos, hoje já não navegam    mais em alto mar, andam sobre trilhos em meio à selva de concreto. Ampliou seu campo de atuação, deixou de carregar apenas escravos negros e tem agora transportado  também escravos brancos.
Nos dias atuais o banzo não é mais preocupação, pois os explorados pela  modernização já carregam desde a infância dispositivos eletrônicos que aparentemente  são para lhes entreter, mas na realidade acabam por escravizar ainda mais. Tais dispositivos fornecem comunicação direta com os amigos que estão conectados a  mesma rede e em contra partida distanciam cada vez mais pessoas que estão lado a lado no mesmo navio, ou seja, no mesmo metrô.
Não parecem mais seres humanos se locomovendo e sim vários perfis de redes   sociais off line para o mundo real, ou simplesmente com aviso dizendo “ausente” estampado em suas faces fechadas impedindo qualquer tipo de comunicação.
O navio fica a cada dia mais cheio, anda pesado quase se arrastando, mas ao mesmo tempo se vê um vazio dentro dele, as pessoas se transformaram em cargas que   aos poucos cada vez mais se fecham dentro de si e esquecem que a vida é melhor em comunhão.
Eu ando nesses navios, acho que você também deve andar, espero que quando   nos encontrarmos em algum desses trilhos que serpenteiam pela cidade, tanto no subsolo quanto lá no alto, possamos pelo menos um bom dia, um boa tarde ou um boa noite falar.
Desconecte um pouco, veja as pessoas que estão ao seu redor e valorize as relações não virtuais, assim poderemos talvez atravessar nossos mares diários com mais alegria.
O navio negreiro ampliou seu campo de atuação e hoje transporta também escravos brancos. Sempre dependeremos do navio, ele sempre estará em nossas vidas,   mas acho que podemos abandonar a escravidão, evoluir e viver uma vida real em união.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Desacelere


Desacelere, pise no freio.
Aproveite sua vida
Meu irmão, meu irmã
Tenha por ela respeito,
Não termine em dívida
E viva direito.

Por ouro e dinheiro,
A humanidade a cada dia
Um pouco se suicida,
Esperando no amanhã
A promessa que nunca se cumpre,
Da riqueza chegar
Trazendo a alegria.

A verdadeira alegria
Não se relaciona com a riqueza,
Valorize seus dias,
Assim será feliz com certeza.

Por ouro e dinheiro,
A humanidade a cada dia
Um pouco se suicida,
Esperando no amanhã
A promessa que nunca se cumpre,
Da riqueza chegar
Trazendo a alegria.

Desapegue do que te faz sofrer
Desapegue do que te impede de viver
Valorize seus momentos
E viva pra valer.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tentei tocar o infinito


Tentei tocar o infinito,
E romper todas as barreiras.
Falei coisas sem sentido,
Tudo por um sorriso.

O infinito não toquei,
Mas barreiras eu fiz cair.
Perto de você cheguei,
Te falei verdades
E te vi sorrir.

Sei que te assustei,
Coisas que sinto,
Muito cedo falei.
Não consegui conter,
Umidifiquei os olhos com lagrimas,
E ao seu lado me emocionei.

Sou assim, esse é o meu jeito,
Explicitamente contigo me abri.
Não pude nada fazer,
Pois por você meu coração
Logo quis, do peito sair
E em forma de palavras
Ele saiu.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Trilha para Itamambuca


O caminho que nos leva,
É estreito em meio à mata,
Não e longo e nem curto,
Não e aberto e nem fechado,
Luzes entram pelas brechas
Dos galhos entrelaçados

No fim da trilha
Mais parecida com um túnel,
O rio Itamambuca nos espera,
Sua profundeza é incerta,
Alguns dias está cheio,
Em outros fica vazio,
Mas sempre lá ele nos aguarda.

Quando a trilha se acaba
E o rio é atravessado,
O paraíso continua.
Com pé na areia quente,
Caminhamos na direção do mar,
Tudo é lindo a nossa frente.

Itamambuca e sua atmosfera.
Nada singular tudo é plural.
Diversidade de ideias,
Pessoas de todos os lugares,
Do Brasil e do mundo.
Todos juntos ali reunidos
Desde sempre foi assim,
Mas se intensificou
Numa década que queria ter vivido,
Em meados dos anos 70 e tal.



sábado, 16 de novembro de 2013

Fim de tarde em itamambuca


Num fim de tarde quente,
Deitado na rede a balançar
Na varanda da Aldeia Itamambuca
Vi, ouvi e senti a chuva cair.

Olhar fixos nas árvores
E nos morros mais adiante.
Ouvidos atentos mesmo sem querer,
Ouviam conversas trazidas pelo vento.

A noite chegou com o som das cigarras,
A chuva cessou, mas deixou terra molhada
E um cheiro bom de natureza,
Coisas que muito me agradam.

Mais um dia de praia findou em paz
Enquanto eu ainda na rede estava,
A galera aos poucos se dissipou,
Uns dormiram, quatro foram embora
E a conversa nesse momento acabou.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Alegria que vem do mar


Uma onda se formou,
Grande e imponente,
Trazendo consigo a alegria
Dos pescadores que retornavam do mar
Após longa jornada.
A pescaria foi farta, a barca estava carregada.
Da arrebentação, a onda cada vez mais perto chegava,
Surfistas lá estavam a esperar.
Na areia mulheres avistaram a embarcação,
Colocaram a mão no peito e agradeceram,
Com uma oração a pesca se encerrou,
Valentes guerreiros venceram mais uma missão.
As pranchas já deslizavam sobre as águas
Os surfistas agradeciam por poderem surfar,
Todos demostravam muita alegria
O capitão e os tripulantes do barco ficaram felizes
Por estarem novamente em suas casas

Por poderem ancorar e ver as suas amadas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Esfriou ou acabou



Acordei na esperança de algo acontecer,
Quem sabe até você me procurar.
Os dias parecem longos,
Mas quando chegam ao fim,
Percebo que se foram tão rápido.

Ao cair da noite,
A esperança que era presente,
Já se põe a retirar.
Fico sem saber,
O que posso fazer,
Mas na verdade,
Será que algo ainda pode ser feito?

Acho que o sentimento esfriou,
Ou até mesmo acabou.
Sei que já faz tempo,
Nós é que não queremos
Tudo isso aceitar.

Coisa simples de entender,
Mas difícil de suportar.
Uma coisa é certa

Temos que deixar de nos amar.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Nossa casa Reza Vela


Um bar, pra muitos uma casa!
Um som, pra muitos uma reza!
Uma luz, pra muitos uma vela!

Essa é a minha casa Reza Vela,
Essa é a sua casa Reza Vela,
Essa é a nossa casa Reza Vela.

É minha, é sua e é nossa.
Temos tudo isso e nada nos é cobrado .
Músicos cruzam a cidade sem nada ganhar
E pra nos ver contentes, passam um dobrado.
Fazem isso, acho que é por nos amar.

Mais uma noite acabou,
A chaleira passou!
Será que alguém contribuiu,
Será que usaram a consciência
Ou será que ninguém se tocou.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fiquei feliz



Fiquei feliz quando a felicidade resolveu dar as caras. Quando ela apareceu em meu       caminho, já era tarde da noite e eu estava quase desistindo de encontra-la depois            daquele dia triste e cinzento, mas ela chegou ao meu lado enquanto eu dirigia no frio     com os vidros abaixados e me arrancou um sorriso que se transformou em risada, me     fez sentir o vento na cara como se eu estivesse na estrada e mesmo estando em longe do mar, nesse momento senti o gostinho da praia.

A felicidade me mostrou que ela pode até tardar, mas ela nunca falha e mostrou também que ela aparece no momento em que estamos mais precisando dela, naquele instante que você nem se quer lembra que ela existe, ela vem e te prova o contrário. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Tarde de chuva na Avenida Paulista


Num abrigo do metrô em meio à Avenida Paulista, aglomeração de gente e lá fora chuva cai forte e acompanhada pelo vento. Pessoas se preocupavam com as roupas, os     sapatos e os cabelos.
 Na calçada logo à frente, um vendedor vê alegre, os guarda chuvas se acabarem, pois são comprados por aqueles que esqueceram justamente neste dia e não podem       esperar a bonança que em minutos estava para chegar.
 Enquanto ouço o papo de duas professoras indignadas sobre seus alunos de hoje que são diferentes dos de antigamente, percebo que a chuva parou e o que restou foram     poucas pessoas ao meu redor, chão molhado e poças espalhadas pela rua.
Retorno para minha caminhada mesmo de baixo de alguns pingos que restaram e vejo que mesmo aguardando a chuva parar, estava dentro do horário.
 Cheguei ao meu destino, cumpri o meu compromisso e voltei para casa contente e agradecendo a Deus pelos momentos que vivi naquela tarde.



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Surpreendente fim



Acordou cedo como não era de costume, olhou pela janela de seu quarto e viu que o dia não estava quente, não estava frio, não estava chovendo e também o tempo não estava tão seco.
Parecia mais um dia normal na grande metrópole, cheia de prédios, avenidas, viadutos e pessoas correndo sem parar, cada um vivendo suas vidas de maneiras que acreditavam ser a ideal.
Sal lavou o rosto, ligou o rádio na cozinha, fez seu café, passou manteiga no pão e comeu, ouviu as mesmas notícias e músicas de sempre, mas quando estava prestes a mudar a chavinha de liga e desliga do aparelho sonoro para a posição off, ouviu uma notícia que para muitos ouvintes foi um verdadeiro choque.
Sal tomou um banho, se arrumou e decidiu ir naquele dia, que era um sábado, aos mesmos lugares que costumava ir desde sempre. Desceu até o estacionamento, ligou o carro e partiu. Passou na casa de familiares, amigos e no meio do caminho buzinou e cumprimentou vários conhecidos do bairro.
A manhã ia se esvaindo, ao mesmo tempo em que ele notava pessoas com rostos tristes, com fisionomia demonstrando apreensão.  A hora do almoço passou enquanto Sal se deliciava com uma boa refeição na padaria de costume, acabou de comer e enquanto se preparava para ir para outros lugares, notou pessoas que nunca tinha visto antes por ali, que por consequência da notícia transmitida pela manhã decidiram ir pra lugares diferentes ao invés de ficar em casa.
Era muita gente falando uns com os outros e alguns consigo mesmo, falavam que se soubessem que tudo ia acabar naquele dia teriam feito tudo diferente, como se alimentado melhor,  praticado mais atividades físicas, se relacionado melhor com os familiares, colegas e amigos, viajado mais, trabalhado com o que gostavam de fazer e não jogariam suas vidas fora por conta de trabalhos que consomem seus dias e suas noites sem uma folga sequer.
Via-se uma multidão querendo viver tudo o que tinham pra viver em um único dia, filas se formavam em guichês de rodoviárias e aeroportos, ônibus todos lotados tentando levar para algum lugar pessoas com a alma transbordando de vontades e sentimentos.
Sal pegou seu carro e dirigiu tentando chegar até o bairro que costuma frequentar, mas se viu quase que impedido, pois ficou horas e horas para vencer os doze quilômetros que separam a Vila Formosa de Itaquera. As ruas pareciam um verdadeiro estacionamento a céu aberto, milhares de carros em filas e filas formando o maior congestionamento da história, como não tinha muito jeito de escapar do trânsito, o melhor que ele fez foi pensar em sua vida e tudo que já tinha feito nesses trinta e poucos anos, pensou nas várias viagens, para praia e para o interior, lembrou de suas aventuras em ilhas sem eletricidade e veio a sua cabeça as lembranças de todas as estradas que passou, todas as pessoas que conheceu pelos caminhos.
Recordou de tudo que estudou, por que sonhou com aquilo, e não por que a sociedade impôs, dos amigos que fez na faculdade, de todos os trabalhos que teve e percebeu que nunca teve muito dinheiro, mas sempre teve tempo de sobra pra curtir a vida, que pode ter sido simples, mas muito bem aproveitada.
Lembrou de todos os bares que passou como cliente, como funcionário, como poeta declamando suas poesias, ou buscando inspirações para novos textos, de todos os músicos que encontrou na boemia e veio a sua mente todas as namoradas que arrumou nos bares da vida.
Viu com suas lembranças que tudo que fez, valeu a pena pelo simples fato de ter sido feito. Notou que a vida podia acabar com ele ali dentro daquele carro em meio ao tráfego lento, mas ficou feliz e viu que não precisava se desesperar, pois não havia deixado de fazer nada que queria ao longo dos anos.
Quando Sal chegou ao seu destino, viu que muitos que deixaram pra viver a vida que realmente queriam ter vivido, nos últimos instantes, acabaram vendo seus sonhos ficando pelo caminho, pois não havia mais tempo pra nada e ali no meio da avenida, desejos profundos e não realizados foram podados e um último suspiro em meio à poluição foi forçado a sair.
O tempo se esgotou e o dia derradeiro se apagou aos poucos, muitos não tiveram tempo de fazer tudo o que queriam e viram a notícia veiculada pelo rádio se tornar realidade, mas em meio a triste humanidade que perecia, via alguns sorrisos de alegria, eram poucos, mas existiam.
Os raros sorrisos pertenciam aos que viveram a vida que queriam todos os dias que aqui na terra habitaram. Sal não suspirou, mas sim, sorriu por que viveu.




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Diante do abismo


Mais uma vez o tempo,
Me trouxe paz e muitas dúvidas
Com sabedoria respondeu.

Levou pra longe o amor não correspondido
E sem pestanejar, revelou pra mim,
A direção para um novo abrigo.

Peguei o rumo sem saber o meu destino.
O vento soprando pelas costas,
Como uma mão me empurrando.
Eu seguia em frente vendo o tempo passar.

Quando cheguei ao fim da caminhada,
A trilha estava a um passo atrás
E um passo a frente só o precipício
Que parecia intransponível.

Me encontrei parado
Sem saber o que fazer
Diante do abismo
Receoso e indeciso.

O tempo veio e disse:
Eu passei enquanto você andou,
O vida te trouxe até aqui,
Muitas coisas você superou
O mundo girou.
Agora se esforce e descubra um jeito
E encontre seu novo abrigo
Mesmo que haja esse
Buraco tão profundo.

Foi aí que percebi que na vida
Perdemos, ganhamos
E tornamos a perder e a ganhar.
Passamos por caminhos
Desconhecidos em busca do novo
E às vezes nos encontramos
Diante do abismo
É nessa hora que temos que largar
Tudo o que nos faz mal
E aprender a passar como o tempo,
Que sempre passa pra tudo renovar
E temos que tentar transpor
Tudo aquilo que julgamos
Impossível ultrapassar
Em nossas vidas.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Vá em frente

Vá em frente

Caminhos verdes, lugares longínquos,
Destinos desconhecidos.
Sigo os meus desatinos.
Se chegarei, jamais saberei
Se nesse caminho não adentrar.
Será que vou encontrar no fim dessa busca
Algo que me faça feliz?
Ouço meu coração que bate forte e me diz:
Vá em frente sem jamais desistir,
Só assim irá descobrir.


Gu Batista

A banqueta

A banqueta

Me chamaram pra passear, 
Logo aceitei. 
Me arrumei e montei na minha lambreta, 
Chegando ao lugar, tudo estava como o combinado,
Todos sentados em cadeiras 
E reservado pra mim,
Tinha uma banqueta.
Peguei um copo pra tomar cerveja,
Conversa vai conversa vem,
No meio da noite apareceu um cara,
Sabe o que ele tocava?
Uma escaleta.
A animação foi geral,
Todos cantavam e dançavam
E eu resolvi tocar minha corneta
De repente lembrei da praia
E de como não gosto de borrachudos
Bem que eles podiam ser borboletas.
Cai na real e saquei do bolso
Algo que esqueci de pagar,
Era uma boleta.
Pensei nos juros,
Pois é claro que já tinha vencido.
Falei comigo mesmo:
É, vai ficar cara essa carreta!
Decidi ir embora e fui,
Mas tive que voltar
Por que esqueci minha maleta.
Aproveitei pra pegar um provolone
Que estava na mesa
Coloquei na boca e senti um ardido
Gritei: Isso é pimenta malagueta.
Desisti de ir embora e novamente sentei
Na minha banqueta. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Anseios de surfista

Num dia daqueles
Cheio de anseios,
Ultimamente corriqueiros.
Pesquisei sobre o tempo,
Vi a previsão anunciar
Céu aberto e calor.
O velho costume de saber das ondas
Me fez olhar o mapa
Que o caminho mostrou.

Quando dei por mim
Era noite de sexta
Na cabeça uma certeza
Descer a velha trilha
Mochila arrumada
A minha frente, só a estrada
E lá em baixo a praia.

 De madrugada na arei cheguei
Parei em frente ao mar
Senti aquele cheiro
E a maresia vindo me encontrar.
Comi, dormi, mas antes bebi
Pra esquecer a minha sede
De surfe
Ou de simplesmente

Sentado na areia ficar.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O malandro se foi


Noite estranha foi aquela
Que emudeceu o canto do malandro.
Não se via nem um choro, nenhum pranto,
Mas algo aconteceu que abalou o encanto
Daquele lugar.
O vento soprou a notícia,
De boca em boca nos vilarejos
Que formavam aquela ilha.
Pessoas subiam nas palmeiras
Tentando ver de longe
O que era difícil de acreditar
Somente de ouvir.
As pessoas se perguntavam,
O que será que aconteceu?
Ninguém sabia!
Só se falava que naquela noite
Não haveria cantoria.

O malandro desapareceu
Pra onde ele foi
Ninguém sabe e ninguém viu.
Só é sabido que seu coração
Foi abalado.
O homem do mar se apaixonou
Abandonou a ilha,
Deixou pra trás seu lugar amado.
Rumou pra Minas Gerais,
Acham que foi pra Zona da Mata
Juiz de Fora, Ubá, Viçosa talvez.

Enquanto todos na ilha
Não sabem seu paradeiro
O malandro pela estrada vai
Subindo e descendo morros
Verdes e encantados de Minas.
Vendo as paisagens mineiras
E com a ideia certa na mente
De se instalar numa cidade
Dentro de um vale
Onde reside uma mulher
Que virou sua cabeça.

O malandro pela estrada vai,
Subindo e descendo morros
Verdes e encantados de Minas.

O malandro se foi.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pelos ares


Hoje pude perceber,
Aqui sozinho sem você
Que a vida está passando
O vento como sempre,
Vai me levando
Como um papel solto no ar.
Passo por tantos lugares
A maioria são bares,
O que me faz lembrar de você
E assim vou enfrentando meus dias,
Escrevendo em mim mesmo
A minha própria história.
Aqui sentado,
Acompanhado apenas pelo copo e pela garrafa,
Encerro mais um capítulo da minha vida
Indo pelos ares.
Parece que vou sair voando,
No tempo e no vento
Como um papel,
Às vezes cheio de anotações,
Outras nem tanto,
Mas mesmo assim sigo voando.
Às vezes penso no regresso,
Fazer o caminho inverso
Só pra poder te encontrar
Numa dessas páginas da vida,
Que escrevemos juntos
Em outros tempos

Antes das brigas.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Um jardim

Um jardim

Um lugar pra contemplar,
Pra relaxar e pra se encontrar.
Gramado, com arvores,
Flores, plantas e vidas
Bem ali na grande cidade.
A paz completando a paisagem,
A luz do sol dando força ao verde,
O céu azul trazendo
A alegria de viver,
Infinita perto da natureza.
Um jardim,
Mostrando como é belo
E o cinza como sempre

Se opondo a essa beleza.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Revelações de uma visita


Em um segundo,
Passou pela minha mente
Tudo que vivi nesse mundo,
Aumentado por uma lente.

Revisitei a vida
Não a que vivi ontem,
Mas sim aquela antiga
Que eu nem lembrava mais.

Notei detalhes importantes,
Que não dei valor em outrora
Por não me parecerem relevantes
Como parecem agora.

A visita me mostrou
Que tudo que passei
Trouxe-me onde estou.
Não venci e nem fracassei.

Se aqui estou é por que cheguei,
Posso ter me perdido,
Mas pode ser também que me encontrei
E por isso agradeço por tudo
Que desde sempre eu tenho vivido

E por tudo que ainda viverei.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Frase que nunca existiu


Li uma frase que nunca existiu,
Que você pensou em escrever,
Mas não pegou a caneta e desistiu.
Deixou pra lá.

Você,
A frase não colocou no papel,
Tentou assim esconder,
Um sentimento
Que podia nos envolver.

Não deu.
Pois hoje eu consegui,
Li uma frase que nunca existiu,
Nunca existiu com tinta de caneta
Num papel,
Mas está estampada no seu rosto,
Nos seus olhos e no sorriso
Que se abre quando perto de mim
Você chega.
Assim, sem nada sua boca falar.
Entendo tudo que tanto

Você resistiu em não revelar.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tudo que vi


Imaginei uma expedição
E sem perceber coloquei em prática.
Quando me dei conta,
Era eu dentro de um carro
E a minha frente uma estrada.

Sem saber pra onde ir
 E nem o que ia acontecer,
Segui meu coração,
Não parei de dirigir
Até que em meio ao nada
Vi tudo,
 Que há tempos não via.

Vi a paz em meio ao silencio,
Vi ao lado da estrada um homem
Tirando da natureza seu sustento,
Vi o amor ao próximo
Mesmo sem o conhecer,
Sem saber de onde vem
Ou pra onde ele está indo.
Vi a alegria no rosto sofrido,
Vi a fauna cruzar a minha frente
Naquele caminho
Que cortava a flora
Dando origem a estrada.

Quando dei por mim,
Percebi que a estrada chegou ao fim
E que a expedição também acabara.
Peguei tudo que vi e coloquei na bagagem.
Retornei contente com a mochila cheia,
Pra encarar a realidade da grande cidade.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O que sou?

O que sou

Sou por inteiro o que sou,
Mas às vezes me pergunto:
O que sou?
Não sei ou não quero saber,
Vivo na incerteza
Do ser ou não ser,
Assim a vida tem mais surpresas,
É certo que nem sempre elas são boas,
Mas quando são, nada é capaz
De segurar o coração,
Que bate tão rápido,
Parecendo não mais ser um coração.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Esperar pra que?

Esperei uma ligação, não sei quanto tempo.
Todos os dias o telefone tocou
Meu coração disparava,
Batendo de forma voraz veloz,
Mas sempre quem me ligava,
Não era a pessoa que tanto esperava.

Me coloquei a pensar,
Não sabia se ainda devia aguardar.
Pensei em desistir,
Se não me ligou,
Deve ser por não mais me amar.
Neste momento olhei para a praia
E vi um sinal no anoitecer.

Quando a maré começa a subir,
É o mar querendo sair,
Pra distância entre ele e o sertão diminuir.
Foi aí que percebi,
Pra que esperar se posso agir,
Vou eu mesmo ligar,
Liguei!

Foi o melhor que eu fiz
A pessoa que tanto esperei me ligar
Atende e me diz,
Obrigado por você existir,
Que bom que ligou
Te atender, me fez  novamente sorrir.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Estradas


A estrada que nos leva
É a mesma que nos traz.
Os lados são opostos,
Um lado vai e o outro volta.

Duas mãos, duas direções.
O mesmo céu, o mesmo sol.
Carros seguindo e sendo seguidos,
Mas cada um tem seu destino.

Ao longo do caminho,
Cidades e suas historias,
Vidas e suas trajetórias,
São unidas pela mesma estrada.

Os viajantes seguem,
Os que partem durante o dia,
Ainda estão a dirigir
Quando a noite cai
E os que saem à noite
Observam atentos
O dia amanhecer.

E assim é a estrada,
Dia após dia.
Ela nunca para,
Sempre tem os carros
Que passam em disparada,
Pelas cidades que as margens,
Ali do lado da pista
Ficam paradas.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O cortiço


Tive um devaneio há algumas semanas atrás. Estava numa reunião de amigos, era uma feijoada regada a cerveja e com muita conversa. Era uma tarde com a temperatura agradável, um sol e um céu azul em pleno inverno paulistano.
Cheguei, falei oi para todos e sentei em uma cadeira. Comecei a beber e comer. O papo fluía. Formávamos ali um grupo de umas vinte pessoas, todos empolgados por estarem participando de mais um encontro.
A tarde se esvaia e uma noite linda chegava. A música rolava e todos entraram na dança, uns mais calibrados pelo álcool dançavam de forma engraçada, mas tudo corria na mais perfeita paz.
A feijoada que era para o almoço também foi servida na janta e logo em seguida alguns foram embora, outros permaneciam por ali sem nenhuma vontade de partir. Foi aí então que soltei uma frase engraçada e que causou alguns risos: (Hoje vou morar aqui).
Todos foram embora e eu fiquei só com os donos da casa, me convidaram pra dormir por lá e eu prontamente aceitei. Conversamos até de madrugada e quando todos decidiram ir dormir eu no mesmo lugar fiquei.
Não estava com sono e decidi ficar sozinho olhando para as estrelas e tomando mais algumas cervejas.  Gostei tanto do dia e da noite junto dos amigos que quis que aquilo se repetisse todos os dias. Foi aí que me lembrei de um livro que li no passado e idealizei a construção de um cortiço.
Imaginei todos que naquela festa estiveram, morando em um grande quintal com varias casas, assim não precisaríamos nunca esperar pela próxima festa pra nos juntar. Viajei nesse devaneio e até numerei as casas. Por fim, escolhi na casa treze morar.
Quando voltei a realidade o dia já ia amanhecer, tomei o último gole, escrevi a mensagem derradeira pra alguém no celular e decidi me deitar. Deitei, dormi um sono gostoso e profundo, quando acordei vi que tinha que ir embora.

Peguei o caminho de casa, levei o meu grande cortiço comigo e concluí que o que pensei era simplesmente uma manifestação do sentimento forte que tenho por todos os companheiros que seguem ao meu lado pelas estradas da vida e da vontade de estar com eles todos os dias.