Um poeta louco que sonha como poucos

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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vivi ou sonhei

Vivi ou sonhei

Olhei para um lado, olhei para o outro e não vi ninguém, logo vi que tinha tirado a sorte grande, pois a minha frente o mar estava clássico, ondas de tudo que era jeito,    ondas grandes, pequenas, direitas, esquerdas, tubulares e com muito tento de duração.  Corri pra água e comecei a remar, passei a arrebentação com uma facilidade que até eu            mesmo não acreditei e olha que o mar estava bravo. Cheguei lá fora, sentei sozinho e vi a série se entrar, remei na primeira onda, dropei e logo de cara peguei o melhor tubo da minha vida. Na segunda onda dei aéreo, floater, várias batidas, muitas rasgadas e a onda parecia não acabar.
 O dia estava realmente incrível, nem vi as horas passarem, havia entrado no mar lá pelas oito da manhã, quando saí já eram quatro da tarde e eu estava morto de fome,  mas não me sentia cansado. Procurei um restaurante, pedi um prato trivial e aguardei     tomando um suco. O prato chegou e tudo estava uma delicia, o arroz, o feijão, a salada e o peixe então, foi uma ótima refeição pra um surfista com fome.
Depois de me alimentar voltei pra praia sentei na areia para fazer a digestão e    notei vindo do mar, uma mulher que mais parecia uma onda, devido às curvas de seu     corpo escultural e queimado de sol. Ela veio, sentou-se ao meu lado e com uma voz      macia perguntou meu nome, prontamente respondi que era Cody e ela disse que ficara o dia todo ali sentada me observando dentro do mar, disse que nunca viu ninguém surfar  como eu e me encheu de elogios.
Conversamos até o anoitecer, ela se chamava Keona, vimos o sol de pôr no mar,             presenciamos a subida da lua aos céus e quando eu estava lá todo feliz ao lado daquela  que pra mim apareceu como uma princesa vinda dos mares, vi uma estrela cadente        cruzar o céu e como uma criança fiz um pedido em segredo, pedi em meus pensamentos aquilo que mais desejava naquele momento e como num conto de fadas choveu estrelas quando me virei para o lado e Keona me deu um beijou junto com um abraço apertado.
Depois disso tudo, desse dia maravilhoso, fui para casa e Keona também, mas    antes combinamos de nos reencontrar outras vezes no mesmo lugar. No caminho de       regresso para o meu lar, parei para tomar um pode de açaí em uma barraca havaiana, ali no meio do beco entre a praia e a estrada do Cambury. Olhando o cardápio, notei que    cada opção levava o nome de uma mulher havaiana e logo abaixo entre parênteses havia o significado dos nomes. Escolhi o de sempre, açaí com banana e o nome me fez tremer, pois era o mesmo da princesa que há poucos minutos conquistara meu coração. Li o      significado que dizia assim: “ Presente estimado por Deus”.

Esvazie o pote, deixei a barraca havaiana para trás e percebi que tudo que vivi    naquele dia foi realmente um presente de Deus. Como num passe de mágica a minha     essência se separou da minha matéria física e flutuou três metros acima de mim mesmo  observando o andar tranquilo de um surfista feliz da vida carregando sua prancha           debaixo do braço vestindo ainda sua roupa de borracha altas horas da noite por aquele   beco iluminado e abençoado.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O peso que descartei


Recordações de nós dois,
Coisas que só eu lembro.
Longínquo tempo
Era a minha infância.
A timidez me consumia,
Por isso nada com você eu dizia.
De longe te olhava
Tentava encontrar sua sintonia.
Tentei, não de certo.
De mim, você nada sabia.
Nem se quer que eu existia.
A culpa não foi sua, foi minha
E do Platão que orienta,
Os navegantes da imaginação.                                    
Conseqüentemente me orientou
Dizendo que tudo que é realidade
Tem início e acontece primeiro
Em nossos pensamentos.
Platão me falou na época:
Você conseguiu imaginar
Agora faça que se torne verdade.
Nesse momento travei,
O tempo passou
E você sumiu.
Fiquei com medo e naufraguei
Me vi num oceano de gente
Fiquei a deriva, quase afundei.
Tive que me livrar de algum peso
Pra conseguir sobreviver,
Escolhi da timidez, me desfazer.
Nem acreditei no bem que aquilo me fez.
Com a ausência daquele peso,
Ganhei leveza
Naveguei pelo mar de gente
Como um barco vestido de esperteza
Passei a falar com todos que me cercavam
Muitos passaram a me conhecer
Vi minha vida se transformar
E seguir por um rumo
Onde todos os dias,
Um desafio novo aparecia,
Os enfrentei
E continuo enfrentando.
Hoje me surpreendi
A vida mudou,
Pra alguns, a cada segundo continua mudando,
Pra outros a vida já se acabou
Parece que nos dias atuais
O tempo voa,
Voa de forma voraz.
As vezes paro e penso
Que o tempo só cumpri o seu papel,
Devorar momentos que deixamos pra trás.
Hoje refletindo,
Analisei fatos ocorridos
E pessoas que em minha vida passaram.
Percebi que muitos ficaram pelo caminho,
Enquanto outros ainda fazem, de uma forma ou de outra
Parte da minha existência.
Uns ainda continuam bem próximos
Outros não, mas sei que ainda existe muito carinho.
O engraçado é que algumas pessoas que no passado sumiram,
Em algum instante da vida presente reaparecem
Ou em um futuro próximo reaparecerá.
Hoje você me reencontrou,
Algo aconteceu!
Muita coisa mudou
Na infância quando eu ainda era menino tímido
Sozinho, contracenei comigo mesmo,
Cenas que sempre nos levava lado a lado.
Agora já adulto, falando com você,
Depois de tanto tempo,
Vejo que posso até ter naquela época exagerado,
Não sei, acho que o exagero
Ficou por conta do descaso
E o que faltou foi seu abraço.
Muitas coisas mudaram,
Hoje por mim você se encantou
Quando percebi,
Meu coração disparou,
Quase se precipitou
E quando chegou na beira do abismo,
Se desesperou.
Não sei o que fazer,
Pensar em você não, posso mais.
Infelizmente tenho que te esquecer
Vivemos em condições diferentes.
Vai ser difícil,
Mas vai ser melhor assim.
Saiba que daqui pra frente,
Você será um pedaço de mim.
Mesmo distantes estaremos próximos.
Ficaremos tristes, mas não se preocupe,
Olha aí quem está passando
É o tempo,
Ele resolve tudo.
Novamente ele passou e
Esses momentos mais uma vez,

Devorou.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Inesperado encontro


Do encontro inesperado,
Nasceu a paixão.
Foi sem querer e a primeira vista
Foi igual a um encontro dentro de um filme
Numa tela de cinema
E nós éramos os artistas.
Foi cena de filme épico,
Esbarrei em uma linda moça
Na saída de um bar,
Me encantei pelos olhos dela
E o cheiro do meu perfume,
A convidou para um abraço.

Nos abraçamos,
Eu estava chegando,
Ela já estava indo
E mesmo querendo ficar
Ela foi, mas antes de partir,
Deixou pistas de como eu a encontrava.

A noite passou o dia chegou,
Acordei e percebi que tive sonhos
E neles a linda moça apareceu,
Mais um abraço junto com um beijo,
Ela me deu e disse:
Lembre - se das pistas e me encontre.
Antes mesmo de me levantar
Peguei o telefone,
Pra ela liguei e falei:

Por você me apaixonei.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ritual do surf

Cinco da manhã, Cassio acorda antes do despertador e dá um pulo da cama, ansiedade a mil. Toma um banho com a mente acelerada cheia de ideias. É segunda feira, um dia normal para muitos, mas para ele é o tão esperado dia de folga e dia de bate e volta na praia.
De banho tomado e o sono espantado, ele arruma sua mochila, faz alguns lanches para comer antes de sair de casa e para levar na estrada. Tudo pronto e colocado no carro, ele entra novamente em casa e pega o que faltava, justamente o mais importante que é sua prancha 6.6, gho rack em cima do carro e inicia sua jornada.
Na noite anterior, combinou com mais dois parceiros de trip sobre o horário de partida e na hora marcada todos se encontram, ajeitam as bagagens e empilham mais duas pranchas em cima da que já estava devidamente acomodada.
Em dez minutos o carro cheio de sonhos, anseios e desejos alcança a estrada e desliza como se fosse um barco a caminho do mar, levando tripulantes ávidos por um dia de ondas perfeitas.
O planalto fica pra trás enquanto Cassio pisa fundo no acelerador e sente junto com Cody e Alan seus ouvidos tamparem enquanto iniciam a descida da serra. O cheiro no ar muda rapidamente nesse momento, o que entra pelo nariz é um misto de cheiro do mato com terra molhada, o som que toca no rádio é surf music e tudo ali dentro do carro é só surf.
Saíram da Mogi-Bertioga, pegaram a Rio- Santos, pararam em diversas praias e por fim decidiram em uma ficar. Carro estacionado bem próximo a areia, nessa hora começa o ritual.

Transcrição da gravação realizada durante um dia de treino – O ritual

Em uma noite de janeiro, verão e calor na cidade de São Paulo, lá estava Cassio em sua batalha diária dentro de uma academia. Ele corria na esteira enquanto eu me aproximo e o cumprimento como fazia todos os dias.
Gui – E aí como você “tá”?
Cassio – “To” bem professor, mas Gui, eu ia estar melhor se tivesse vendo um surf ali na tv.
Prontamente eu fui e troquei de canal, coloquei em um que a programação gira em torno do mar e do surf. Por mim só deixaria nesse canal, mas como outras pessoas querem ver outras coisas temos que às vezes trabalhar ou treinar vendo o que não queremos.
Cassio – Aí sim! Agora fico mais uma hora aqui, sou louco por surf e qualquer dia você vai comigo.
Gui – Opa claro que vou, preciso recomeçar do zero, desse ano não passa, vou cair no surf.
Cassio – Meu é muito bom, “cê” vai ver o ritual antes do surf, meu é muito louco. CCCCCSSSSSSS, primeiro que “cê” não dorme na noite antes do bate e volta, “cê” fica lá deitado, vira pra cá vira pra lá e nada do sono vir, a cabeça fica a mil, fica pensando como vai “tá” o mar, se vai tá bom, onde vai ser a caída, aí depois da noite toda assim, você dorme  só um pouco  e ainda consegue acordar antes do despertador as cinco da madrugada. Aí começa, tomar um banho, come alguma coisa, arruma a mochila,  leva tudo pro carro e volta pra pegar o mais importante, a prancha. (Nesse momento ele pega o celular e mostra a foto de sua prancha) Aí “ó”, esse é meu foguete CCCCSSSSSS, meu essa prancha “tá” uma delicia de surfar “cê” tem que ver, qualquer dia “cê” vai comigo.
Gui – Vou sim Brow, acho que já “to” até indo agora só de te ouvir contar, já entrei na viagem. RRSSSSR Muito bom, mas continue.
(Ao fundo toca um reggae e na tv altas ondas) Cassio - Olha esse som, olha que tubo, nooooosssssaaaa, então, pego a prancha encapo ela e coloco lá no rack, arrumo tudo, passo na casa dos parceiros e vamos. Meu “cê” precisa ver as caras dos moleques na hora que eu pego eles, é tudo mais novo, eu tô com 45 anos e eles tem tudo 20 e poucos 30 anos. Aí a gente pega estrada, todo mundo na maior adrenalina, chega lá na praia, encosta o carro e nessa hora começa o ritual, meu é igual o ritual de quem gosta de tomar chá, um preparativo do caramba, concentração total. Primeiro "cê" pega a lycra na mochila, veste ela, depois pega a prancha, passa a parafina, mas passa bem passado mesmo pra não escorregar, aí meu, você olha pro mar, Noooosssaaa,  conta as ondas da sério, uma, duas três, nooooossssssaaa, “cê” vê aquelas ondas perfeitinhas rolando, eu fico louco, maluco você não tem ideia, rrrrrsssss. Olho pra um lado olho pro outro, vejo onde posso entrar e vou, meto a prancha na água (em cima da esteira Cassio simula braçadas) dou umas braçadas, passo a arrebenta e aí meu querido, é só sentar lá fora e esperar a boa vir pra você dropar. Lá dentro eu esqueço tudo, sinto o vento na cara, é uma terapia, bom pra caramba. Você vai ter que ir comigo.
Gui – Nooosssa Cassio, vamos quando? Semana que vem?
Cassio – É só você falar que a gente vai. Gui depois que eu volto de uma queda dessa, volto com a cabeça feita, é uma sensação incrível. Mas deixa eu ir lá que eu vou nadar ainda, qualquer hora a gente senta tenho um monte de história pra te contar.
(Nos despedimos, ele vai e eu fico)
Gui – Vai lá, um abraço e vamos marcar, quero ir com você.

Cassio desce as escadas e vai com seus pensamentos para a piscina e eu volto pra realidade da sala de musculação depois de viajar e gravar toda essa história que acabo de contar em minha mente.


Gui Batista

domingo, 19 de janeiro de 2014

Lá vai o cantor



Temos um mundo de coisa em nossas mentes.,
Pensamentos refletem o que vem do coração.
Mentes limpas transmitem pureza
E faz sorrir a multidão.
Mochila nas costas,
Calçando sandálias.
Nas mãos um violão.
Lá vai mais um companheiro
De profissão.
Vai pra sua batalha,
Tocar sua canção,
Em vários cantos
Levar paz e alegria
Na forma de um som
Muito dinheiro não irá ganhar
Mesmo assim nem pensa em parar
De tocar e de cantar
Palavras que vem do coração.
De barba cumprida,
Chapéu na cabeça
Nem de longe parece
Pessoa da nobreza,
Mas pra que parecer
Ele já é nobre
Só de cumprir seu dever
De cantar com tanta beleza.
E de fazer com  sua arte
Grandes proezas!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Remendos da história


Para o passado olhei,
Vi uma história remendada.
Lugares que lembravam pessoas,
Pessoas que lembravam lugares.

Senti o cheiro do passado,
Cheiro de momentos vividos.
Ruas, estradas, paradas,
Praias, cidades e pessoas.
Tudo por onde passei,
Todos que no caminho encontrei.
Bateu saudade.

Atentei-me aos remendos da historia,
Uns felizes e outros tristes.
Traziam choro
De alegria e de tristeza.
Choro às vezes incompreendido,
Às vezes com muito sentido.

Vi também que cada remendo
Era costurado com uma linha forte
De mudança e de transformação,
Que ligava o velho com o novo
E que era preciso existir
Pra um elo formar.

Novamente para o presente,
Meus olhos voltei.
Contente fiquei por estar aqui.
Senti uma necessidade:
Construir nova historia,
Pra juntar com outras
E assim continuar minha trajetória.

Gui Batista



Fraternidade


Não pensou em si próprio
E sim na humanidade,
Pensou no seu próximo.
Quis falar para o mundo
Sobre a paz e o amor,
Muitos o ignorou,
Mas ele não desistiu.
Correu pelos cantos,
Chegou à praia,
Navegou pelos mares
E aos trancos e barrancos
Retornou ao ponto de onde partiu,
Trazendo consigo o que aprendeu:
"Que tudo melhora se formos fraternos"



Gui Batista 

Extrapolou



Extrapolou não conseguiu se segurar,
Continuou e nem quis saber
Qual era a hora de parar.
Fechou os olhos e os ouvidos
Pra quem só quis o ajudar.

Extrapolou perdeu a hora,
Perdeu a noite e também o dia.
Sua mente adulterou
Com venenos mortais,
Que seu comportamento alterou,
E o destacou dos seres normais.

O efeito do exagero se foi,
As origens ele retornou
E a mente se recompôs.
Refletiu e viu que exagerou
Agora quer mudança
Disse que vai se controlar,
Vai se vigiar e não vai mais
Extrapolar.

Extrapolou não conseguiu se segurar,
Continuou e nem quis saber
Qual era hora de parar.
Fechou os olhos e os ouvidos

Pra quem só quis o ajudar.